aquele lugar onde vc mora


... aquele bairro onde moro

Alguém sabe me dizer o que fica as escondidas, num bairro, ou vila, tipo assim, quando não estamos falando de um condominio fechado? Aí alguém diz: puxa, simples, né! claro que nada, o bairro é uma comunidade onde você acaba  sendo,  motivo de notícia e tem um monte de gente se metendo na sua vida, em qualquer esquina, em qualquer viela, ou rua, na madrugada, de manhã ou a noitinha, tem sempre um vizinho, que passou, um conhecido de um conhecido seu e por ai vai. Mas, podemos ir além, um bairro pode ser considerado como uma definição subjetiva para seu morador, pelo conjunto dos intinerários percorridos a partir de sua casa, unindo sua vida privada à publica, e olha que esta parte de vida pública, pouts tá todo mundo ferrado mesmo, não entendo como existem tantos olhos te vendo qdo vc acha que não tem nenhum, mas no bairro tem, oooooo e como tem.
É um exterior definido a partir de um interior, um público cujo centro é um privado, todo mundo reunido, dá pra saber ate a mistura do almoço, pelo cheiro, e quando é churrasco entaum ai sempre aparece um querendo um bife, uma salada, e tals. Esse espaço é o lugar do conhecimento mútuo: cada qual é conhecido num certo número de particularidades de sua vida privada por pessoas  que não são parentes, nem amigas, e que no entanto não são estranhas: os vizinhos, os personagens centrais de qualquer bairro, a vizinhança, tem de tudo gente fina, os bebados, os drogados, as sem vergonhas, os crentes, os honestinhos, e a cambada toda, tudo ali reunido, convivendo, passando uns pelos outros e se comprimentando, isso quase todos os dias, as vezes, tipo nas férias, mais de uma vez no dia, em mais de um lugar também.
Dentro de uma comunidade de bairro, cada morador tira ou não proveito dessa vizinhança, desde que pague o devido preço. Ele recebe pequenas gratificações dos outros: sorrisos, saudações, cumprimentos, trocas de palavras que dão a sensação de existir, de ser conhecido, reconhecido, apreciado, estimado, cada um no seu grupo em particular, tipos os solteiros, os casados, as mães enfrente a creche, os caras nos botecos e as solteiras dando sopa pelas ruas, com suas calças apertadas e olhos pintados, alvo das senhorinhas das janelas e portões.
Sair de casa para o bairro é se expor a encontros, sem saber exatamente quem vai se encontrar. A rotina de comprar pão na mesma padaria, ir ao cabeleleiro e passear com o cãozinho são ritos privados agora expostos à vizinhança do bairro. Sair pelo bairro é, pois, se expor. O convívio rege, em primeiro lugar, a apresentação pessoal, ai vem os julgamentos. Esse espaço de transição é marcado por certa 'teatralidade', e a pessoa sempre está encenando em maior ou menor grau. Convém oferecer aos outros uma imagem apresentável, isso para aqueles que estão sobrios, ou os que se importam, porque os escandalos são frequentes e depois deles, se perde toda a imagem.
É essa sábia articulação entre o público e o privado que foi e é a mágica de se morar no espaço do bairro. Assistimos nas grandes cidades brasileiras uma redução das ruas (calçadas) que canalizavam os itinerários, e o fim das lojinhas... Sair para dar uma volta é uma delicia, mesmo que seje pra nada, sem rumo certo, o bairro é uma delicia, suas ruas, histórias, recordações,tem gente que nunca sai do seu bairro, ate se casa com um vizinho, que estudou junto, e frequetavem a mesma creche qaundo crianças, ai as familias já são uma mesma familia.
As relações com os vizinhos se modificaram ao longo dos tempos, mas vizinho é vizinho, aquele da xicara de açucar. Não tem graça prédio, o elevador não é uma rua na vertical: na rua, a pessoa vê os outros passando; o elevador conduz passageiros e os entrega em andares totalmente idênticos. Os vizinhos não desaparecem, os ruídos atravessam as paredes com facilidade, mas as pessoas não prestam muita atenção.
Passa-se menos tempo no bairro, e a pressa é maior. O convívio não tem apenas aspectos positivos, o bairro é uma estrutura onde uns protegem os outros, ferram eles também, mas por saberem sempre uns da vida dos outros, se algo fugir do normal, do comum, pronto, ta ali um motivo de zumzum, falatório e aquela famosa reuniãozinha na esquina, na padoca e nos botecos, desde os ranzinzas ate os bebados e os crentes todos a comentar qualquer que seje o fato diferente ocorrido.Mas eu amo morar no meu bairro, muita confusão, disse me disse, fofocas, barracos, mas muitos amigos, muita gente simples e adorável e além de tudo tem um campo de futebol que é o máximo e uns botequinhos escandalos, meu bairro é a familia que eu tenho em São Paulo, as pessoas que conheci mais profundamente, as parceiras que fiz, enfim, assim é um bairro e toda a sua belezura, porque eu não moraria onde não tem tudo isso, não moraria num prédio ou coisa assim...

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