Atalhos

Houve tempos de calmaria em que tudo estava em seus devidos lugares, não existiam terremotos ou situações, além das mesmas, vivenciadas no cotidiano de uma pessoa comum, que acorda e trabalha, volta e sai para se divertir, houve um tempo em que as maiores consequências, seria um bafinho, ou uma dor de cabeça, ressaca da braba, houve este tempo é ele perdurou por mais de 20 anos, e então os tempos entraram em turbulência e surgiram as novas vidas em minha vida e novos ventos sopraram e novas conquistas chegaram e com elas novas responsabilidades e estes ventos trouxeram coisas que jamais imaginei vivenciar, e a turbulência embora gigantesca, me levou a outros ares completamente desconhecidos e nunca habitados por mim. A mente roda, roda, uma tontura, uma confusão mental, pareço um processador de dados, pareço uma maquina antiga recebendo peças novas, mastigando tudo, digerindo tudo, lá vou eu, remando para meus 4.0 numa rapidez tão grande, que mais parece um terremoto, mas estamos ai, cada dia um novo dia com suas novidades e as mais variadas peças novas, alguns deixei por ai na estrada, abandonei, desapeguei, mandei a merda, mesmo que diga-lhes bom dia, como vai, quanto tempo, vê se aparece, já os deixei a muitos tempos atras, outros novos agregaram na nova caminhada, e simbora, sem mais, por que o tempo é assim, ele anda,a passos largos, e maldito de quem não anda com ele, o tempo passa meu amigo, o tempo grita suas considerações e você se não o segue, ele é implacável, é tempo de contornos, de ajustes íntimos, de remar, para novos oceanos e experimentar novas brisas leves, que não são nem de longe aquelas já vivenciadas, mas serão igualmente importantes, e felizes, e mais na frente, veremos o que ocorre, porque houve um tempo, existe um tempo agora e virá novos tempos já já, dez, vinte anos passam tão rápido, quase imperceptíveis aos olhos, puff e lá estamos nos, se foi, foi, se não, paciência, aquela velha historia de onde e pra onde, eita mistério bom da porra, se soubéssemos de tudo, como seria desgraçados nossos dias.
Atalhos

Quanto tempo a gente perde na vida? Se somarmos todos os minutos jogados fora, perdemos anos inteiros. Depois de nascer, a gente demora pra falar, demora pra caminhar, aí mais tarde demora pra entender certas coisas, demora pra dar o braço a torcer. Viramos adolescentes teimosos e dramáticos. Levamos um século para aceitar o fim de uma relação, e outro século para abrir a guarda para um novo amor, e já adultos demoramos para dizer a alguém o que sentimos, demoramos para perdoar um amigo, demoramos para tomar uma decisão. Até que um dia a gente faz aniversário. 37 anos. Ou 41. Talvez 48. Uma idade qualquer que esteja no meio do trajeto. E a gente descobre que o tempo não pode continuar sendo desperdiçado. Fazendo uma analogia com o futebol, é como se a gente estivesse com o jogo empatado no segundo tempo e ainda se desse ao luxo de atrasar a bola pro goleiro ou fazer tabelas desnecessárias. Que esbanjamento. Não falta muito pro jogo acabar. É preciso encontrar logo o caminho do gol.

Sem muita frescura, sem muito desgaste, sem muito discurso. Tudo o que a gente quer, depois de uma certa idade, é ir direto ao assunto. Excetuando-se no sexo, onde a rapidez não é louvada, pra todo o resto é melhor atalhar. E isso a gente só alcança com alguma vivência e maturidade.

Pessoas experientes já não cozinham em fogo brando, não esperam sentados, não ficam dando voltas e voltas, não necessitam percorrer todos os estágios. Queimam etapas. Não desperdiçam mais nada.

Uma pessoa é sempre bruta com você? Não é obrigatório conviver com ela.

O cara está enrolando muito? Beije-o primeiro.

A resposta do emprego ainda não veio? Procure outro enquanto espera.

Paciência só para o que importa de verdade. Paciência para ver a tarde cair. Paciência para sorver um cálice de vinho. Paciência para a música e para os livros. Paciência para escutar um amigo. Paciência para aquilo que vale nossa dedicação.
Pra enrolação...atalho.
Martha Medeiros


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