Olhos

Quando um olhar cruza com o outro na mesma proporção e sintonia, os pêlos se arrepiam e de alguma forma existe um dialogo ali entre aqueles olhos, que disfarçam, vão e voltam para a mesma direção, uma sensação deliciosamente contagiante que vai subindo pela coluna, e descendo pelas pernas, vai invadindo, perseguindo, e entra nas veias. Ele tem uma cor diferente, um jambo, natural, com os olhinhos repuxados, a boca pequena, e um jeitinho de bom moço, encantador, perigoso. Veio na caça, sedento e meigo, cruzando as ruas, olhando, perseguindo, investigando, confiscando meus pensamentos, alimentando um desejo que outrora despertou em mim, fui olhando, fui deixando, e ele veio, aqueles olhares estão me deixando encantada, aquele jeito educado, calmo, sossegado ali no seu canto, me deixa com as garras muito afiadas, uma mulher sabe dos seus desejos. Estou presa neste envolvimento, ele me olha, e eu deixo me levar. É um sambinha a beira mar, e todas as reações dele são deliciosamente armadilhas, me cercando, andando envolta, e toda a gente ali e ninguém percebe o que acontece entre aqueles olhos, cruzados, inspirados, devorando um ao outro, num pedido de licença ou num simples gesto de brindar, aquela cerveja gelada, aquele suspense no ar e tanta coisa sendo dita apenas pelo olhar, entre linhas eu fujo e ele me segue, persegue, ataca.

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